Olhem, senhores(a), um certo dia nascemos... e não pedimos, como muitos
filhos, candidatos ao caminho do fracasso, dizem aos pais. Mas, nascemos! É bem
provável que nossos pais tenham pedido.
Nossas emoções, provavelmente nasceram com a gente, e desenvolvem com o
tempo. Não nos aprofundaremos contudo nessa questão. Entraremos no
questionamento de onde queremos chegar. O vazio é a falta de algo que
acreditamos está sentindo, mas quando colocamos o algo, ainda permanecemos
vazio, talvez em uma outra parte da mente, porque a mente é quem determina a satisfação
ou falta.
Analisando um pouco, de um passado não tão distante, lembro-me do que eu
planejava para o meu trabalho, e com muita frequência mudava. Com muita
raridade, um plano permanecia por um mês. Desequilíbrio, seria a palavra
correta, e eu concordaria, mas também não trataremos dessa falta de
equilíbrio, pois acredito em algo mais forte.
Uma ceta paz, ao nos depararmos num determinado deserto, talvez seja uma
sugestão para uma resposta. A paz...que muitas vezes experimentei, e agora,
enquanto escrevo, me recordo de um certo dia, mais ou menos em 1983, quando aos
19 ou 20 anos de idade, mornado no Beco da Palhoça, na Rua do Outeiro, em São
Luís, não recordo o número da casa, mas parece que era 03. Às cinco e meia da
tarde, ou um pouco mais. No pátio, na frente da casa, com um violão...senti
naquele momento algo, que até hoje me faz ter uma sensação de arrepio,
quando lembro. Algo indescritível aconteceu.
A paz, talvez uma paz que não sentimos, ou que não recordamos ter ainda
sentido, é o que certamente buscamos. O sentimento de vitória ou de derrota,
estaria em algum lugar da mente? estaria no coração? ou estaria no espírito que
anima o corpo? Não tenho a resposta e não arriscaria procurá-la em alguma
pessoa.
Onde queremos chegar? somos muito parecidos uns com os outros, e é por
isso que questiono onde queremos chegar, ao invés de onde quero chegar. Quero
sucesso, você também quer. Não quero perder, você também não quer. Vitória em
todos os sentidos, mesmo não sabendo às vezes explicar que vitória seria essa.
Aqui recordo a famosa frase "Ser ou não ser, eis a questão" (no original em inglês: To be or not to be, that's the question) da peça A tragédia de Hamlet, príncipe da Dinamarca, de William Shakespeare.
Ser ou não ser, eis a questão
Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobre
Em nosso espírito sofrer pedras e setas Com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja, Ou insurgir-nos contra um mar de provações E em luta pôr-lhes fim? Morrer.. dormir: não mais. Dizer que rematamos com um sono a angústia E as mil pelejas naturais-herança do homem: Morrer para dormir... é uma consumação Que bem merece e desejamos com fervor. Dormir... Talvez sonhar: eis onde surge o obstáculo: Pois quando livres do tumulto da existência, No repouso da morte o sonho que tenhamos Devem fazer-nos hesitar: eis a suspeita Que impõe tão longa vida aos nossos infortúnios. Quem sofreria os relhos e a irrisão do mundo, O agravo do opressor, a afronta do orgulhoso, Toda a lancinação do mal-prezado amor, A insolência oficial, as dilações da lei, Os doestos que dos nulos têm de suportar O mérito paciente, quem o sofreria, Quando alcançasse a mais perfeita quitação Com a ponta de um punhal? Quem levaria fardos, Gemendo e suando sob a vida fatigante, Se o receio de alguma coisa após a morte, –Essa região desconhecida cujas raias Jamais viajante algum atravessou de volta – Não nos pusesse a voar para outros, não sabidos? O pensamento assim nos acovarda, e assim É que se cobre a tez normal da decisão Com o tom pálido e enfermo da melancolia; E desde que nos prendam tais cogitações, Empresas de alto escopo e que bem alto planam Desviam-se de rumo e cessam até mesmo De se chamar ação.""[...]
Afinal, onde queremos chegar?
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